segunda-feira, 23 de abril de 2007

Febril.




"- Você pode sentir a agressividade fluindo?
Sinta minha carne, transforme-a em sua carne.
Me apresento como oferenda viva à sua divindade.

Angelica Carnis"

Andrei Meurer.










"A beira dos seus 39º ele já percebia as alucinações, mas não se importava.
A vida já parecia tão irreal mesmo, mesclada a sonhos e realidades, confusões e desgastes.
Ah! Ele já havia desgastado há muito!
Tentou excitar-se, sentiu-se sujo. Deitou no chão frio e imaginou.
Imaginou-se vomitando flores de amor puro.
Gozando doces fragrâncias acalentadoras, carinhosamente escorrendo pelo seu corpo e o fazendo devanear em uma explosão de conforto.

Levantou e pegou um livro de contos de um autor do qual muito gostava. Tentou se prender, mas as amarras dos sonhos e dos tormentos o carregaram em um sono profundo e confuso.

Sonhou estar dessa vez, preso em um labirinto. Interpretações já não eram nem surpreendetes para tal sonho. Sua cabeça era tão emaranhada quanto uma das paredes de um arbusto escuro e imponente, do qual era feito o labirinto. A cada caminho sem saída ele encontrava um fantasma do passado. Tentava correr, mas tropeçava.

Sentia que até seus sonhos tinham um "que" de coisa batida. Clichê mesmo.

Enfim acordou. Ofegante e soluçando, se abraçou na primeira coisa que viu pela frente. Tudo lhe parecia frio.
Se arrastou para a sacada, deitou no parapeito e imaginou.

Nú alí. Limpido e puro, como leite. Sua respiração já não era mais tão agitada.
O vento soprava em seus ouvidos, atrapalhando seus pensamentos atrapalhados.

Fitou o abismo do céu estrelado, e era como se o universo o intimasse. Podia se imaginar caindo naquela imensidão negra.
Por que tudo, absolutamente tudo era baseado em cobranças?
Fechou os olhos..."

Andrei Meurer.

Um comentário:

Rodrigo Delgado disse...

"Enfim acordou. Ofegante e soluçando, se abraçou na primeira coisa que viu pela frente. Tudo lhe parecia frio.
Se arrastou para a sacada, deitou no parapeito e imaginou.
Nú alí. Limpido e puro, como leite. Sua respiração já não era mais tão agitada.
O vento soprava em seus ouvidos, atrapalhando seus pensamentos atrapalhados."

APENAS UMA PALAVRA: FO-DA